Viagem a Berlim

 

Berlim entre a II Guerra Mundial e a Guerra Fria, de 17 a 20 de março de 2018.

berlimQuando a professora Ângela Conceição trouxe a possibilidade da viagem a Berlim às turmas do 12º ano, rapidamente se tornou numa certeza. Todo o interesse e desejo que envolvia conhecer a fundo a história das Grandes Guerras do século XX tornou-se realidade. Para além de ser a uma viagem a uma cidade completamente diferente de Lisboa, penso que todos os alunos que participaram na mesma puderam tomar consciência de que nos encontrávamos perante um dos maiores palcos históricos do Mundo.

Encontrámos presentes vestígios não só da Segunda Guerra e, consequentemente, da Primeira, como também da Guerra Fria.

berlimFicámos alojados no hostel A&O Berlin perto da Estação Central de Berlim (em alemão: Berlin Hauptbahnhof) e de outras estações, o que nos permitia ter um acesso rápido ao centro e aos pontos históricos que constituíam a viagem. Pela localização da nossa estadia (Moabit, um subdistrito de Mitte) rapidamente compreendi a presença do atraso provocado pela Guerra Fria, a partir das várias regiões em construção. A transformação da região veio com a queda do Muro de Berlim, uma vez que a posição de Moabit mudou no mapa de um distrito fronteiriço para um distrito central de uma cidade reunida.

berlimAssim que começámos o nosso roteiro pela cidade, apercebi-me de que a história estava presente em todos os locais e não só em pontos específicos. Existem vestígios do passado de Berlim, quer nas marcas no chão da passagem do Muro, quer na fachada de uma das maiores estações de comboio de Berlim destruída na Segunda Guerra. A partir destes elementos materiais e das histórias que fomos abordando ao longo da viagem, fomos conhecendo as vítimas destes conflitos que se arrastaram pelo século XX. A memória histórica estava em toda a parte, bastava estarmos atentos. Sabendo que foi das cidades mais devastadas pela Segunda Guerra, impressionou-me o facto de os habitantes de Berlim conviverem diariamente com os vestígios da mesma, sendo que estará para sempre marcada como um dos mais horrendos momentos da história.

berlimA passagem pelo Memorial do Holocausto remeteu-nos para os judeus assassinados durante a Shoah (termo hebraico usado para designar a catástrofe) e pelo que apreendi, os blocos são projetados para produzir uma atmosfera desconfortável e confusa. Durante a visita ao Museu da Resistência Alemã tivemos oportunidade de conhecer diversas histórias da população alemã que tentou resistir ao nazismo, histórias essas marcadas pela coragem e pelo sacrifício, histórias essas que nos fizeram tomar consciência de que o conformismo não deve ser o caminho a seguir. Visitamos, também, dois bunkers durante a nossa viagem - um Nazi e um Soviético (nunca utilizado) - e a cúpula do Reichstag (parlamento alemão).

berlimNo terceiro dia percorremos o caminho para um dos pontos mais marcantes da nossa viagem: o Campo de Concentração de Sachsenhausen, um dos maiores campos de concentração do regime Nazi na Alemanha, posteriormente reutilizado pelos soviéticos (usado, entre 1945 e 1950, para repressão à população e militares nazis). Numa primeira impressão, chocou-me o facto de o campo estar localizado junto a uma vila, ou seja, todas as atrocidades que ali se passavam eram conhecidas pela população local. Estar frente a frente com o portão do Campo e ler «Arbeit Macht Frei» ( «o trabalho liberta»), foi o segundo choque - milhares de pessoas entraram por aquele portão sem retorno, há precisamente 80 anos atrás. Primeiramente, o campo era apenas utilizado para prisioneiros políticos, porém, a partir de 1938, milhares de judeus, polacos e soviéticos perderam ai as suas vidas.

berlimO campo não era destinado ao «extermínio» mas sim ao trabalho forçado. Desde a observação de objetos utilizados pelos prisioneiros à visita às salas de experimentação médica e aos fornos crematórios, toda a visita foi realmente marcante. Constitui uma prova histórica da existência do Holocausto. É inevitável tentar imaginar o sofrimento de quem ali passou, todo o local emana uma energia tremenda, pesada, profundamente triste. A certa altura a questão: «como foi possível?» pairava na cabeça de todos nós. No mesmo dia, tivemos oportunidade de estar na East Side Gallery, onde é possível observar vestígios do Muro de Berlim - um dos maiores símbolos do início da Guerra Fria, que separou milhares de famílias, amigos, histórias, vidas.

berlimÉ importante ainda mencionar Berlim como uma cidade cosmopolita, cultural, clássica, internacional e mutante, em constante mudança, para além de histórica. A airosidade de Berlim é a surpresa. É uma cidade incrível, cheia de possibilidades. Sair do óbvio é o essencial, é preciso observar bem o que nos rodeia para não perdermos nenhuma atração, como é o caso da faixa que atravessa a cidade marcando o lugar por onde passava o muro de Berlim (mencionada anteriormente). Algo muito bom no povo alemão é a consciência do seu passado e a sua capacidade de o usar a seu favor como forma de aprender e melhorar o futuro.

berlimApesar do seu passado histórico, Berlim está a ganhar um novo rosto. As antigas formas sólidas estão a receber, aos poucos, tons de modernidade e transparência. A nova arquitetura da cidade conta com edifícios mais altos e mais modernos - nítidos em Potsdamer Platz, bairro da ex-Berlim Oriental.

berlimConcluindo, foi a Viagem expectável. O ambiente entre alunos e professores demonstrou-se sempre bastante agradável. Todo o esforço que ergueu esta viagem refletiu-se na excelente forma de como esta decorreu. É realmente importante repensarmos sobre as questões que pairam nos dias de hoje. Atendendo a todas as marcas históricas do século passado, estas deveriam permitir, atualmente, relações diplomáticas mais conscientes para que erros do passado não se destaquem novamente, no presente e no futuro.

 

 Maria Beatriz Merêncio 12º 11ª

berlim

 

ES Vergilio Ferreira